Bolsonaro disciplina Gayer e reorganiza o jogo em Goiás
Bolsonaro mandou – O vereador por Goiânia e ex-deputado federal Vitor Hugo (PL) anunciou nesta terça-feira (17) que não será mais candidato ao Senado Federal. A decisão, segundo ele, atende a um “chamado direto do presidente Jair Bolsonaro”, que o orientou a se lançar como pré-candidato à Câmara dos Deputados nas eleições de 2026.
“Como sempre fiz em toda a minha trajetória, vou cumprir essa missão com humildade, serenidade e responsabilidade”, afirmou Vitor Hugo, ao oficializar a mudança de rumo político.

Ainda em seu pronunciamento, o parlamentar desejou sorte aos colegas da direita e reforçou a importância da unidade. “Que Deus abençoe todos os pré-candidatos do PL e da nossa direita. Que possamos caminhar unidos em defesa do nosso Brasil e do nosso Estado de Goiás. A luta continua. Com fé, coragem e lealdade”, escreveu ele nas redes sociais. Até a publicação desta matéria, Vitor Hugo ainda se apresentava em seu perfil do Instagram como “pré-candidato ao Senado”.
Com o anúncio, uma disputa interna que já se arrastava há meses dentro do PL goiano pode estar chegando ao fim. A escolha do nome que representaria o partido na corrida pelo Senado em 2026 vinha sendo motivo de embates públicos entre Vitor Hugo e o presidente do PL em Goiânia, o deputado federal Gustavo Gayer. Os dois trocaram farpas, alimentando uma crise interna no partido.
Em meio às divergências, Gayer acusava Vitor Hugo de tentar levar a legenda para o lado do adversário, em referência às articulações com Daniel Vilela, vice-governador de Goiás e possível candidato ao governo em 2026 — o que faria parte de uma eventual aliança entre o PL e a base de Ronaldo Caiado, que deverá disputar a Presidência da República.
Vitor Hugo, por sua vez, argumentava que Bolsonaro ainda não havia definido nomes nem para o Senado, nem para o governo de Goiás, deixando o tabuleiro político aberto até então.

Contudo, a decisão do ex-presidente Bolsonaro de colocar Vitor Hugo como pré-candidato a deputado federal foi vista como uma jogada estratégica de alto comando. Com sua tradicional autoridade e liderança, Bolsonaro teria exercido sua moral de comandante para disciplinar Gustavo Gayer e reorganizar o jogo em Goiás. A mensagem é clara: a linha será traçada por ele, e quem estiver no projeto nacional deve se alinhar.
O gesto reforça a sinalização de que Gayer pode, enfim, ser o nome bolsonarista para disputar o Senado Federal em 2026. Além disso, segue no radar a possibilidade de o PL goiano apoiar o projeto de Daniel Vilela ao governo estadual, abrindo mão de uma candidatura própria ao Palácio das Esmeraldas e garantindo espaço ao bolsonarismo na chapa majoritária, com a candidatura ao Senado.
Essa reconfiguração do cenário político no estado mostra que o ex-presidente Bolsonaro segue puxando as rédeas do PL, atuando como articulador e pacificador de conflitos internos — ao mesmo tempo em que pavimenta os caminhos para as disputas decisivas de 2026.